Algumas pessoas tem pavor de vendedores. Outras não suportam autopromoção. Porém, se você quer prosperar como empreendedor, freelancer, escritor, blogueiro, designer, arquiteto, advogado, médico, engenheiro, músico, fotógrafo ou qualquer outra ocupação em que atue de forma independente, precisa aprender a se vender. Marketing pessoal, saca?
Em primeiro lugar, não importa quão bom seu serviço ou produto seja, se você não sabe como comercializá-lo, tenha consciência de que os clientes não cairão do céu.
Por exemplo, se você é fotógrafo, pode ser o mais brilhante do mundo no seu segmento, mas, se não publicar e compartilhar suas imagens nas redes sociais, ninguém saberá do seu talento.
Ou então, se assim como eu, você é freelancer na área de marketing de conteúdo, pode até ser um redator incrível e entender tudo de SEO, mas, se textos de sua autoria não estiverem espalhados em diferentes plataformas e portais, ninguém o contratará. Minha avó já dizia: “quem não é visto, não é lembrado“.
E se vender não significa trair suas convicções em troca de dinheiro ou prestígio. Isso é o que os indiciados na Operação Lava Jato, em sua maioria, fizeram. Você pode se vender de várias maneiras diferentes. Neste artigo vou te falar sobre quatro delas que fazem parte da minha estratégia de branding pessoal como freelancer em marketing digital. Espero que você consiga adaptá-las para a sua realidade e tenha resultados positivos como venho tendo.
1 – Publique seu trabalho
Isso é básico.
Se você tem um bom portfólio, faça-o chegar até seus potenciais clientes. Escolha a melhor plataforma para o seu negócio e divulgue seus jobs.
Agora, se você está começando e não tem trabalhos anteriores para mostrar, escrever artigos sobre sua área de atuação num blog ou no LinkedIn Pulse são as melhores opções. Foi isso que fiz. Depois de muito trabalho duro e vários textos publicados, hoje, finalmente, estou sendo visto — mesmo tendo começado sem um portfólio.
Se você não publicar e compartilhar seu trabalho, ele simplesmente nunca existirá.
2 – Tenha seu próprio canal
Beleza, mas onde publicar meu trabalho?
Facebook, Instagram, YouTube, Snapchat, Twitter e LinkedIn são canais alugados. Isto é, não temos controle sob atualizações destas mídias sociais. Na prática, podemos dizer que algo que funciona hoje em algum destes meios pode deixar de dar retorno amanhã sem que possamos tomar alguma atitude imediata que reverta a situação.
Ou seja, construir uma audiência no Facebook, por exemplo, significa que você pode virar escravo da rede do Mark Zuckerberg. Como assim? Veja bem, eu tenho pouco mais de 6 mil seguidores no Facebook, porém, minhas publicações, geralmente, alcançam pouco mais de 1 mil pessoas. Como alcançar os 6 mil? Investindo em anúncios. Vale a pena? No meu caso, não tem dado retorno. Explico o porquê.
Construí boa parte da minha audiência publicando artigos no LinkedIn. Como também se trata de uma mídia alugada, me precavi e investi em dois canais onde tenho controle quase que absoluto.
Quando lancei meu blog lá em 2013, de maneira despretenciosa, utilizei o WordPress.com para criá-lo. O problema é que o Wordpress.com também é um canal alugado. Você tem poucas opções de personalização e, pra quem quer ficar bem colocado no Google, isso é horrível em termos de SEO. Foi então que passei a utilizar o WordPress.org — sua versão para desenvolvedores. Contratei um plano de hospedagem (recomendo a UOL Host), registrei o domínio do site (também na UOL Host) e sem a ajuda de um programador desenvolvi meu site (tutoriais no YouTube estão aí pra isso). Desde então tenho total controle da plataforma.
O próximo passo foi a criação de uma newsletter — ou boletim informativo, em bom português. Usei meu orçamento dos anúncios no Facebook para contratar um serviço de e-mail marketing (recomendo o MailChimp) e passei a coletar os endereços de e-mail dos meus leitores com uma estratégia simples. Ao final dos meus textos sempre coloco a seguinte mensagem:
Quer receber meus textos por e-mail?
Odeio spam tanto quanto você, mas toda sexta-feira envio pra minha lista alguns links com novos textos e outras coisas legais que vi naquela semana.
Como ter acesso? Se cadastrando aqui!
Muitos insistem que o e-mail está morrendo, mas a verdade é que, no meu caso específico, tenho muito mais resultado com ele do que anunciando no Facebook. O MailChimp disponibiliza dados como quem abriu suas mensagens e até quantas vezes o leitor o fez. Obviamente foge do meu controle o ato em si de abrir as mensagens, porém, tenho uma taxa de abertura que varia entre 40% e 50%, números bem superiores aos das minhas publicações no Facebook.
3 – Não prostitua seu mercado
Isso é ruim pra todo mundo, acredite.
Na ânsia de atrair clientes, muitos profissionais entram em seus mercados cobrando um preço muito abaixo do que o praticado pela concorrência.
Muitos são inseguros quando o assunto é quanto cobrar por um serviço ou produto. A dica básica para qualquer segmento ou atividade é pesquisar quanto seus concorrentes estão cobrando. Porém, não é a regra. Principalmente se o que você oferece tem diferenciais em relação aos seus rivais.
Uma sugestão é definir um salário anual com base nos seus gastos e no seu estilo de vida. Quanto você precisa para pagar suas contas e ter uma vida legal? Digamos que seu número ideal seja R$60 mil anuais. Divida por 12 e teremos R$5 mil mensais. Se a concorrência cobra R$1 mil pelo mesmo serviço que você oferece, significa que precisará de 5 clientes fixos por mês para chegar aos R$60 mil lá em dezembro. Se preferir, ainda pode colocar o décimo terceiro salário nesta conta. Aí é com você.
Lembre-se que, na maioria esmagadora das vezes, seu potencial cliente “chorará” um desconto. Então, se você pretende ganhar R$1 mil dele, inicie as negociações cobrando R$1,2 mil. Você sempre deve ter uma margem de negociação.
4 – Estilo de vida como marca pessoal
Essa é a mais polêmica da lista.
Eu tenho um MacBook não apenas por ele ser o melhor laptop do mercado. A Apple vende a imagem de que ele é perfeito para profissionais criativos. Por isso, confio na marca da maçã para me entregar um computador que me ajude a ser mais criativo.
Eu gosto de usar tênis da Vans não porque eles são os mais confortáveis, mas porque passam a imagem de que sou descolado e autêntico. Por isso, o Vans Authentic é meu modelo favorito. Ele me deixa mais cool.
Por que estou dizendo isso?
Porque confiança é tudo.
Branding não é ter uma logo extravagante ou um site que é uma obra prima do design. Branding é a construção de confiança através de um estilo de vida. Aqui aquela velha máxima que diz que “os opostos se atraem” não se aplica. Os iguais se atraem.
Quando falamos de branding pessoal — ou marca pessoal —, basta ser você mesmo e imprimir sua personalidade em seus serviços ou produtos. Não tente ser outra pessoa.
Por exemplo, eu construí minha audiência num canal onde a grande maioria dos usuários é formada por executivos e/ou pessoas mais velhas que eu. O LinkedIn é, de certa forma, a rede social onde encontramos mais formalidades. Volta e meia vejo em minha timeline alguém publicando regras de etiqueta para a sua utilização.
Mas a real é que cheguei lá escrevendo textos bem humorados e às vezes até passando dos limites com alguns palavrões. Mas este sou eu. Se você não gosta do meu estilo, sempre terá a opção de não ler o que escrevo. E tá tudo bem.
Agora, se você também produz conteúdo, mas seu estilo não bate com o meu, não tente me copiar. Não vai soar legal. Os leitores percebem quando algo não é espontâneo.
Do mesmo modo que não soaria natural se de uma hora pra outra eu andasse por aí de terno e gravata. Independente de me encontrar num churrasco ou numa reunião com algum CEO, você vai me ver com uma camiseta básica, calça jeans e Vans nos pés. Porque este é o meu estilo de vida — e, na grande maioria das vezes, é por isso que quem fecha comigo me segue ou contrata meus serviços.
Resumão
Tenha coragem para entrar no jogo e nunca pare de acreditar em si mesmo. Eu poderia ter copiado o estilo de escrita de alguém bem sucedido quando meu primeiro hater apareceu, mas confiei no meu taco para continuar fazendo meu trabalho do jeito que acredito ser o certo.
Fique atento com seus canais de divulgaão para não se tornar escravo de alguma rede social. E, o mais importante, não caia na armadilha das métricas da vaidade. R$100 são melhores do que 1000 curtidas. Likes não põem pão na mesa.
Por fim, lembre-se que ser dono do seu próprio negócio ou ser um trabalhador autônomo é libertador, mas você precisa se vender. Do contrário, ninguém o fará.
*Artigo originalmente publicado no portal Linkedin – Matheus de Souza