Ah, se eu tivesse um coach no início de minha carreira… Olhando pelo retrovisor, percebo que, lá no comecinho de carreira, tomei várias decisões importantes tendo bem pouca ajuda. Compartilhava minhas angústias e procurava alternativas somente com minha namorada (hoje minha mulher), que era ainda mais jovem do que eu. É impossível saber se um coach facilitaria meu caminho. Mas acredito que, com a ajuda dele, teria, ao menos, uma condição melhor para avaliar minhas decisões e o impacto de cada uma de minhas ações.
Por isso, quando um jovem me fez a pergunta que dá título a esta coluna respondi com convicção: vale a pena, sim! Resposta dada, fiz uma reflexão dos benefícios que um coach pode trazer nessa fase, recheada de decisões importantes. É o período em que se mede os impactos de uma troca de emprego. Ou da mudança para uma outra área na própria empresa. Ou da transferência de estado e até de país. Um coach pode ajudar na tarefa de encaminhar melhor sua carreira.
Também pode ajudar a resolver (ou pelo menos contornar) problemas. Sabe aquela apresentação que não foi legal, seguida da cara amarrada do chefe? Ou aquela discussão mais forte com um colega? Ou a avaliação 360º diferente das suas expectativas? Todas elas podem ter um efeito nefasto na autoestima do profissional, deixando-o inseguro, ansioso e até depressivo. Um coach pode ensinar técnicas de como se comportar nestes casos e de como segurar a onda.
O problema é que achar um bom coach é bem mais difícil do que parece. Para quem está acostumado a soluções rápidas, optar por esse atalho pode atrapalhar muito mais que ajudar. Se tivesse que aconselhar um jovem na busca de um coach , diria que vale a pena prestar atenção a alguns pontos:
1. Pergunte a metodologia que o coach usa e quais certificações ele tem. Há uma profusão de coachs no mercado, nem sempre aparelhados para lidar da melhor forma com os desafios de seus clientes. Algumas escolas renomadas para formação de coach são a Universidade de Columbia (Nova York, EUA), Erickson College (Vancouver, Canadá) e o instituto Ecosocial (São Paulo, Brasil).
2. Entenda a trajetória profissional do coach. Conhecer como ele fez sua carreira ajuda a saber se ele terá condições de traduzir a metodologia na sua língua e de trazer exemplos que façam sentido para você.
3. Selecione o coach com o qual você tenha mais empatia. Um coach pode ter muita experiência, várias formações, conhecimento de sobra. Mas se o seu “santo” não bater com o dele, fica difícil estabelecer uma relação em que você possa se abrir e receber as provocações do coach para evoluir.
Feita a escolha, se prepare para o custo do projeto. Conheço coachs que cobram entre R$ 7 mil e R$ 18 mil por 12 sessões. Coachs de CEO s e vice-presidentes cobram até RS 100 mil por esse pacote.
Se ficar pesado para o seu bolso, uma outra opção é tentar achar um mentor, um conselheiro que te ajudará, sem custos, a avaliar cenários e tomar decisões. Esse camarada pode estar na própria empresa, em seu círculo de amigos ou na família. Você vai saber quando encontrá-lo. Lembra-se da história do “santo” bater com o de alguém?
Sergio Chaia foi presidente da Nextel , Sodexho Pass e vice- presidente para a América Latina da Symantec. Participa de diversos conselhos e atualmente é chairman da Óticas Carol. Também é palestrante e autor do livro Será que é possível?
Fonte: Época Negócios