A frase é curta e até imponente: “Fazendo aquilo que precisa ser feito”. Usada largamente pela classe política, especialmente no Brasil dos anos 2010, ela esconde uma armadilha: se algo “precisa ser feito” e quem está anunciando é o sujeito dessa ação, não é mérito, mas obrigação, certo?
“Fazer aquilo que precisa ser feito”, portanto, poderia ser tranquilamente substituído por: “Olá, não estou fazendo nada além da minha obrigação”.
Acontece que na República em que os direitos vêm bem antes dos deveres, fazer aquilo que precisa ser feito – ou cumprir o prometido e/ou o acordado – é um verniz de qualidade, quase um valor moral.
É um conceito que, de tão arraigado, passou até para objetos, máquinas e aplicativos de celular:
Não desprezo aqui o clima organizacional, golas e vestidos bem passados, risadas em mesas de bar. Tudo isso é muito válido e faz bem ao profissional e à companhia.
Falo da transpiração do dia a dia, do colocar a cabeça para funcionar, da busca pela excelência nos processos. Na entrega.
Neste caso, a reposta é: cumprir aquilo para que se é contratado (e remunerado) distingue, sim, um profissional do outro.
E por uma simples razão: a maioria não faz o dever de casa. Ao contrário, fica trabalhando para não para cumprir suas tarefas com qualidade, e sim para demonstrar a seus pares e superiores que é descolada, inteligente e mais bem relacionada do que o grupo.
Está atrás do supérfluo, deixando de lado o essencial.
Admitamos: essa é uma velha armadilha em que já caímos eu, você e a metade do mundo.
Não escolha o caminho mais fácil
Parece fácil creditar toda uma postura corporativa a uma regra aparentemente banal. Então por que falhamos tanto? Porque apenas “saber o que precisa ser feito” não basta. Se você realmente deseja se destacar, é preciso ter constância – lembrar do porquê você está ali e executar a sua missão com gosto.
Se sai melhor quem se adota três simples atitudes: agir com planejamento, agir com propósito e agir com consciência de seus atos.
São esses três detalhes que farão a entrega – a sua entrega, no caso – ser mais dedicada e precisa, em detrimento de colegas que acreditam no mito de que o futuro está na inovação permanente. Ou aqueles para quem cumprir aquilo que se promete é sentar-se na cadeira, preencher relatórios, trocar e-mails, elogiar a grama do vizinho e, claro, reclamar do seu próprio quintal.
Isso sem falar nas horas desnecessárias gastas navegando em redes sociais e chateandono WhatsApp.
Colaboradores cientes de seu papel na vida e na empresa rendem mais
Colaboradores cientes de seu papel na vida e na empresa rendem mais, são mais estimulados a completar tarefas e detêm maior persuasão sobre os demais.
Planejamento, propósito e consciência contribuem ainda para outra característica desejável em toda e qualquer empresa: foco. Profissionais focados tendem a produzir com mais assertividade e gerar melhores resultados.
Antes portanto de gastar tempo e energia na busca da próxima ideia de U$ 1 bilhão ou com projetos que você sabe que não irão dar em nada, dedique-se ao que realmente importa: fazer o seu trabalho. E bem feito.
*Artigo publicado originalmente no portal Linkedin – Marc Tawil