Ninguém quer ser um supervisor ruim, mas a função tem uma maneira de transformar os mais talentosos líderes em microgestores. Em alguns casos, os gestores não se dão conta de que estão gravitando em direção aos vícios até começarem a perder pessoas, produtividade e poder.
Você acha que pode ser considerado um microgestor? Se este for o caso, como você pode resistir às tendências da microgestão e – ainda mais importante – como você se livra da sua reputação de microgestor de uma vez por todas? Tome as medidas a seguir para mostrar à sua equipe que você realmente eliminou esse hábito.
Pare de ficar de olho o tempo todo
Você pode achar que está sendo útil ao verificar constantemente como anda um certo projeto, mas seus funcionários provavelmente não pensam assim. Confesse: você está vigiando! Em vez de ir até seus funcionários para verificar, faça com que eles venham até você. Uma boa maneira é agendar reuniões com frequência para debater o andamento dos projetos atuais. Por exemplo, em uma reunião com sua equipe de vendas, você poderia discutir o quanto as várias oportunidades avançaram no pipeline e pensar em como impulsionar cada uma delas antes da próxima reunião. Dessa forma, os funcionários saberão quando você espera uma atualização, e poderão planejar seus dias em conformidade com isso. Adotar essa abordagem faz com que você se concentre nos resultados e não, nos pequenos detalhes de cada tarefa, conta ou projeto.
Confie nos especialistas da equipe
Você se vê constantemente dizendo à sua designer quais cores ela deveria usar em determinados projetos, ainda que você não tenha experiência prévia nessa área? Você já informou a um redator que você corrigiu sua gramática por achar que utilizar uma forma diferente ficaria melhor? Se sua resposta foi “sim” para uma das (ou ambas) perguntas, você não está dando à sua equipe autonomia para que eles lancem mão de suas expertises. Pode ser que você fique inclinado a dar explicações sobre sua microgestão, pois você acha que, como gestor, é preciso ter todas as respostas. Não é bem assim. Como chefe, é seu dever reconhecer as melhores ideias, mas não necessariamente possuí-las.
Antes de mais nada, relembre por que você contratou aquele designer e aquele redator. Eis uma grande dica: foi por conta da expertise deles. Uma vez que os experts da sua equipe têm insights sobre as tarefas a fazer, eles tendem a reconhecer e aproveitar as oportunidades potenciais mais significativas. Use o que sabe sobre as tarefas requisitadas para colocar as pessoas certas nos lugares certos. Em seguida, o segredo para gerenciar seus experts é informar o que você precisa, dar-lhes apoio e recursos para que realizem as tarefas e confiar que eles a executem.
Delegar além daquilo que você acha suficiente
Como executivo, você tem metas financeiras a atingir, bem como metas em vendas. Portanto, quando surge um trabalho importante, é provável que você se lembre do velho ditado: “se você quer que algo seja feito da maneira correta, faça você mesmo.” Em vez de dar a uma pessoa novata uma oportunidade relacionada a uma tarefa muito importante, você se convence de que é melhor que ela aprenda observando do que fazendo. No entanto, essa abordagem não é um bom presságio para o futuro da equipe – nem para mostrar a sua reputação como microgestor.
Em vez disso, permita que seus funcionários abracem as tarefas difíceis desde o princípio. Por exemplo, Greg McBeth, gestor de receitas da Node.io, deixa que seus profissionais de vendas comecem a tentar fechar negócios nas etapas iniciais e com frequência. “Não fique preocupado em deixá-los alçar voo numa ligação em vendas,” afirma. “Então, faça uma retrospectiva da reunião ao vivo ou da gravação feita, e analise o que eles fizeram certo e no que precisam aprimorar para a próxima vez.” Ao dar o feedback depois – no lugar de intervir durante uma ligação -, você será um coach apoiador, e não, um chefe de microgestão.
Embora McBeth admita que não consegue guiar a equipe em cada eventualidade, ele acha que uma experiência real é de extrema importância para o aprendizado. Uma pesquisa realizada pela Gallup mostrou que delegar mais à sua equipe gera resultados: os líderes de negócio que têm o dom de delegar – e o colocam em prática – conseguem gerar um maior crescimento e sucesso para o negócio do que aqueles que submergem nos detalhes de gestão da empresa.
Na próxima vez que você se vir mergulhado nos detalhes relacionados às tarefas de um funcionário, respire fundo e, lentamente, livre-se da situação. É quase sempre possível encontrar alternativas para o comportamento em microgestão. Confiando que as pessoas irão procurar você quando precisarem de ajuda – e que sabem o que estão fazendo – irá beneficiar a todos em longo prazo. Capacite sua equipe para assumir mais, e você irá se descobrir com menos preocupações e controlando menos.
Serenity Gibbons é ex-editora assistente no Wall Street Journal e ex-aluna da New York University, residente na Califórnia. Gibbons é chefe da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP, em inglês) na Carolina do Norte com a missão de garantir a todos a igualdade de direitos políticos, educacionais, sociais e econômicos e extinguir a discriminação por raça. Gibbons vem trabalhando junto a startups em crescimento, como a Skybell, em todas as esferas e presta consultoria para empresas como Dell e Oracle. Ela adora escrever e entrevistar pessoas que fazem a diferença no mundo.
Fonte HBR