“Preferimos aquelas pessoas que nós sabemos que vão criar problemas, porque vão querer andar sozinhas, vão fazer alguma besteira. Não gostamos daquele soldado disciplinado, que só vai fazer uma coisa quando receber uma ordem.”
A frase é de Jorge Paulo Lemann, graduado em economia pela Harvard School of Business, hoje acionista de empresas como AB Inbev, Burger King e H.J. Heinz Company, em uma entrevista para o portal Na Prática, que integra as atividades de uma de suas fundações, a Estudar.
Para ele, que esteve à frente de alguns dos maiores empreendimentos brasileiros, como os bancos de investimentos Garantia e GP Investimentos, gestão de talentos sempre foi uma prioridade absoluta – e não é à toa que hoje ele comanda duas iniciativas voltadas à educação: a citada Fundação Estudar, voltada para a educação empreendedora, e a Fundação Lemann, que desenvolve projetos e pesquisas para embasar políticas públicas de educação.
Se as empresas do trio Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles estão na ponta, recrutando talentos e agora até ajudando a formá-los, onde a sua empresa se posiciona quanto à gestão de talentos?
Para o especialista em Gestão de Pessoas da PwC, João Lins, “A escassez de talentos é atualmente um problema estrutural das empresas, mesmo com as altas taxas de desemprego nos países desenvolvidos. Com operações sofisticadas, o avanço tecnológico e a necessidade constante de inovação, o capital intelectual passou a ser crucial para a sobrevivência e a expansão das empresas. No contexto atual de negócios, portanto, o antigo desafio da gestão do capital humano se tornou ainda mais complexo”.
As atividades se tornaram mais complexas, aumentando a exigência de profissionais com capacidade de adaptação, ao contrário do que sempre foi exigido e ensinado nas escolas – e é justamente nessa hora que a necessidade pode estimular os gestores de pessoas a inovar na busca de talentos, garantindo, inclusive, a diversidade que hoje é fundamental.
O próprio Lemann, na mesma entrevista, destaca que está cada vez mais difícil descobrir de que as pessoas realmente são capazes e se trazem o brilho no olho que ele procura. “Todo mundo que vem para a entrevista é escolado, já sabe todas as respostas, vem preparado.”
A disposição para trabalhar em equipe e gostar de realizar, para Lemann, são diferenciais importantes. Segundo ele, “Mesmo sendo muito jovem, 18 anos, você tenta ver o que a pessoa já fez. Tem pessoas que já fizeram alguma coisa aos 20 anos. Tem muitos que já estão até em uma boa faculdade, mas não fizeram nada.”
Outra forma de pré-selecionar os candidatos está justamente na diversidade de backgrounds e origens. Para Lemann, é preciso combinar uma variedade de talentos e aproveitá-los para em atividades diferentes. “No Garantia tinha de tudo, estrangeiros, pessoas com MBA, PhDs, o filho da cozinheira de um amigo. O negócio do Garantia era encontrar qual é o talento daquela pessoa e dar oportunidade para ela crescer. Há gente que é boa de retaguarda, outros são excelentes vendedores.”
O mais importante, porém, afirma, é criar espaço para todos e engajá-los em um sonho maior.
Fonte: HSM Educação Executiva